O embaixador da Bolívia no Brasil, José Kinn Franco, foi recebido nesta terça-feira (12) por líderes e vice-líderes da oposição ao governo Bolsonaro, que repudiaram o golpe de Estado contra o presidente Evo Morales, deposto no domingo (10). Eles manifestaram solidariedade ao povo boliviano e respaldo à luta pelo restabelecimento da ordem democrática.
Com participação de representantes do PCdoB, PT, PSB, Rede Sustentabilidade, PDT e PSol, o ato ocorreu na sala de reuniões do colégio de líderes e teve a presença dos embaixadores de Cuba e Nicarágua, Rolando Gómez Gonzáles e Lorena Martínez, respectivamente.
O diplomata agradeceu as manifestações de solidariedade e relatou que o golpe, desfechado por fundamentalistas, uma elite retrógrada e setores militares que não aceitaram o resultado eleitoral no país, começou a ser construído já antes mesmo das eleições.
“O imperialismo e os setores mais reacionários nunca compreenderam, nunca permitiram que o povo tenha poder e não quiseram compreender que os setores populares têm direito de governar o seu país”, denunciou.
Segundo o embaixador, o golpe foi organizado, programado e estruturado pela estrema direita, “que é uma direita muito conservadora, violenta, racista e que está, agora, fazendo perseguição às lideranças populares”. O diplomata ressaltou que os golpistas se aproveitaram de uma circunstância particular do pleito, para desencadear uma escalada de violência mesmo após Evo Morales ter anunciado a realização de novas eleições.
“Quero agradecer às múltiplas manifestações de solidariedade. Estamos muito gratos a todos que se somam com o nosso povo, que estava lutando pela sua soberania, pela igualdade, por uma vida digna para os seus cidadãos”, disse.
Em nome da bancada do PCdoB, o deputado Daniel Almeida (BA) transmitiu ao embaixador o “repúdio veemente” do partido ao golpe que está em curso na Bolívia. “Temos total e absoluta solidariedade ao povo boliviano. A democracia precisa e merece ser estabilizada e retomada na Bolívia”, afirmou o líder partidário, lembrando que o golpe pode interromper um processo de mais de uma década de construção de paz, tranquilidade e superação de desigualdades na nação boliviana.
“As ações que vem acontecendo são, mais uma vez, uma manifestação de ódio, de intolerância e de preconceito contra uma nação que busca construir um processo democrático, o que nós bem sabemos que nunca foi tolerado na América Latina. Sabemos as fontes que estimulam e produzem essas ações de desestabilização”, frisou.
Além das manifestações de apoio à luta do povo boliviano, os líderes oposicionistas saudaram a atuação do governo mexicano de López Obrador que garantiu a integridade física e asilo ao presidente Evo Morales. Reiteraram ainda a crença de que mais cedo do que tarde, o povo da Bolívia vai recuperar seu protagonismo, restaurar a democracia e retomar a trajetória de desenvolvimento do governo de Evo Morales.